É louco demais ver como a vida passa
Vê os tesouros do mundo sendo engolidos
Por ferrugem e traça, no rol dos heróis, na liga da injustiça
Onde arrogantes degustam sua própria carniça
A cortesia da soberba é a queda, o segredo
É ser intenso e celebrar quem te celebra
A vida é curta e tem poucas cenas e as estrelas
E os coadjuvantes mudam com frequência
Eu não vivo em busca do melhor roteiro
Sou governado pela paz do homem morto no madeiro
E sem me embriagar com som dos aplausos
Pois tenho sede de justiça e não obsessão por palcos
A plataforma não define um homem
Mas no que ele acredita em qual verdade o consome
Deus do céu me revista de franca poesia
E que tudo que oblíquo se revele no som da batida
O senhor conhece as minhas origens
E eu sei que Jesus também nasceu lá
Na periferia
Ainda que a morte me assole com a frustração que invade
Não enterrarei meus talentos no campo dos covardes
Porque o medo me impede de lutar
Mas eu acordo a minha alma todo dia pra sonhar
Nada se cria, nada se perde tudo se transforma
No mundo em que vivemos, tudo se vende
Tudo se compra tudo se troca
A vida real contada em um conto de fadas